Até lá, através da ecografia, a mamã pode ter alguns momentos de contacto visual com o seu bebé ainda dentro do útero.
Sabe quantas e quais as ecografias recomendadas, quando a gestação é de um bebé apenas, com base nos protocolos mais aceites atualmente?
Entre 11 e 13 semanas e 6 dias de gravidez, é feito o rastreio combinado de aneuploidias, que inclui a história materna, análises sanguíneas específicas (fração livre do Beta-HCG e PAPP-A) e uma ecografia especializada na qual, além de definir o tempo exato de gravidez, são avaliados marcadores de doenças genéticas (translucência nucal, osso nasal, fluxo sanguíneo no ducto venoso e na válvula tricúspide do coração e batimentos cardíacos fetais) e malformações que porventura já estejam presentes nesta fase.
Além disso, avaliamos o fluxo sanguíneo nas artérias uterinas e o correlacionamos com características físicas, história familiar e pessoal da gestante, a média das medidas da pressão arterial e, idealmente, uma análise sanguínea adicional (PLGF) para definir o risco de pré-eclâmpsia pré-termo e iniciar medicação preventiva. O colo uterino também é avaliado, visando identificar sinais sugestivos de encurtamento precoce.
Quando o risco genético calculado é alto, indica-se a realização de estudos genéticos mais avançados, que envolvem a colheita de material através de um procedimento invasivo.
Entre as 18 e 24 semanas, sobretudo das 20 às 24, é feita a ecografia morfológica do segundo trimestre, momento em que temos as melhores condições para detetar malformações corporais do bebé, além de alguns marcadores de síndromes genéticas, e novamente avaliamos o risco de pré-eclâmpsia pré-termo, através dos mesmos parâmetros do primeiro trimestre e, para maior precisão, soma-se uma nova análise sanguínea materna chamada s-Flt1.
Nesta fase, além de detetar a grande maioria das anomalias do desenvolvimento do bebé, já é possível definir corretamente o sexo fetal (o que, na verdade, é seguro desde as 16 semanas), o peso, e através da medição do colo uterino (que é recomendada por via endovaginal) o risco de parto prematuro.
Quando o risco de parto antes das 37 semanas é alto, podem ser adotados tratamentos que evitam esta grave ocorrência e, a exemplo do primeiro trimestre, quando são visualizados sinais de doença genética, pode-se confirmar através de teste genético invasivo.
Entre as 30 e as 32 semanas, é avaliado o crescimento e o bem estar fetal, para identificar possíveis situações que possam indicar que o bebé está em risco, como os casos de perda de líquido, insuficiência da placenta ou anomalias que se desenvolvam numa fase mais tardia.
Nesta fase, avalia-se também o fluxo sanguíneo placentário, tanto do lado da mamã quanto do lado do bebé, visando complementar a análise.
Nas gestações gemelares, quando existem duas placentas (dicoriônicas), além das morfológicas do primeiro e segundo trimestres, as ecografias são realizadas todos os meses; já quando há uma única placenta (monocoriônicas), os exames regulares ocorrem a cada duas semanas.
Em todos os casos, realiza-se o estudo Doppler da circulação da placenta, aumentando a probabilidade de deteção de complicações típicas deste tipo de gravidez.
E, em todos os tipos de gestação, ninguém melhor que o obstetra que na posse de todas as informações clínicas relevantes, definir se, além destes exames protocolares, mais alguma ecografia (como a ecocardiografia fetal, por exemplo), análise sanguínea ou exame invasivo deve ser indicado.
Um bom acompanhamento pré-natal e ecografias realizadas no tempo certo e dentro das normas técnicas recomendadas são fundamentais para a maior tranquilidade da mamã e para desfechos gestacionais de maior sucesso.